O crescimento da mídia OOH em 2025 deve vir de algumas macrotendências, como a adoção de tecnologias avançadas (inteligência artificial, por exemplo), estratégias baseadas em dados e expansão de operações para novos mercados e segmentos de atuação. Vivemos a era da eficiência. Na comunicação, nunca tivemos tantos recursos para produzir em escala e tão rapidamente. Em segundos, plataformas de IA completam textos, criam roteiros, geram imagens, sugerem pautas, legendas, títulos.
Acontece que criar conteúdo não é apenas organizar palavras e na pressa por resultados e na busca por fórmulas que funcionam, corremos o risco de produzir muito e comunicar pouco.
A criatividade mora no intervalo, no exato espaço entre o dado e a decisão. A hiperprodutividade da comunicação atual, embora poderosa, tem achatado esses espaços de criação verdadeira e o risco é perder o que nos torna singulares: a capacidade de dizer algo que não poderia ser dito por mais ninguém.
Na prática, acredito que a coragem criativa comece com escuta. Com a abertura ao que ainda não está pronto, empacotado, ao que não foi validado, ao que ainda está em construção. E obviamente, coragem criativa também se faz nos bastidores: na curadoria dos conteúdos, na defesa de narrativas menos óbvias, no respeito pelo tempo da ideia.
Nossas referências, histórias, regionalismos, ancestralidades e modos de ver o mundo são parte vital da comunicação que impacta. A tecnologia pode nos dar meios, mas não cria sentido, pois isso é algo que vem da cultura dos povos, da linguagem viva, do território simbólico onde estamos inseridos.
Não se trata de recusar a tecnologia. Mas precisamos garantir que as inovações não atropelem o espaço onde mora o diferente. A IA pode gerar conteúdo e simular emoção, mas só nós podemos gerar conexão e sentir de verdade.
Se queremos um marketing e uma comunicação que emocionem, inspirem e toquem, precisamos proteger o que ainda é humano no processo. Afinal, criatividade é o que nos faz humanos. E, justamente por isso, talvez seja nossa maior responsabilidade preservá-la.
Damaris Lago, Meio&Mensagem, 09/07/2025
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https://www.meioemensagem.com.br/opiniao/live-marketing-ou-out-of-home-que-tal-os-dois